terça-feira, 1 de maio de 2012

Penitente

Minha mãe reza
Como as velhas benzedeiras
Baixinho
Aninhada
Quieta
O aroma da vela guiando-lhe o ardor
Elevando as orações embrulhadas numa fala mansa.

Ardor e esperanças
Misturadas em cera e luz.

Apenas a fé ilumina-lhe a escuridão dos dias
E empresta-lhe o brilho de estrelas aos olhos
Ecalmando-lhe as vontades engasgadas
De penitente.

É o amor acumulado que lhe acende o pequeno altar
Mergulhado na escuridão e prece.

E tanto reflete
Tanto expande
Que um lume novo gera-lhe nos olhos
Lágrimas de gratidão.

E a fé
Prestes a findar
É novamente
Preenchida e renovada...

Reza de mãe é coração aos pedaços e mãos trançadas
Na verdade um constante limpar de olhos a ousar desejos.

...Ivan Vagner Marcon...

Foto by Cleber Avancini


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