quarta-feira, 3 de abril de 2013

MOSAICO


I

Aos vitrais,
heras e ladrilhos
brado o
sangrar de meus passos.

II

Ouço qualquer pássaro
num voo furtivo a quebrantar
meu silêncio...
Alma?

III

Tênues
as artérias talhadas pelo tempo
tornam opaco
o mosaico já de mínima espessura.

Bulbos e células em choque ...
O liso da pele
furtado...
O coágulo mudo.

Ossos, pulsações e
um resto de palavra
feito mordaça
em íntima hecatombe.

IV

Capricornianamente desenho
um epitáfio
(pois toda imagem permite devaneios)
mas é tarde.

V

Os cipós de nervos
esfarelam-se
e no olhar do grande nada...
Acabo.

...Ivan Vagner Marcon...


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