domingo, 23 de setembro de 2012

FERRUGEM ABSOLUTA

I

Retalhada a poesia não brotará dos ramos...
Não de teus ramos...
Não hoje...
Ainda não.
  
II

Hoje a poesia
(pelas bermas, vãos e vias)
apenas paira soberana entre tua cultura...
De cana
e ferrugem absoluta.

III

Aguarda
(maior que é)
um dia
de tua escuridão
mesmo tolhida e espantada
florescer primaveril.

IV

Observa
o feto abortado
entre canteiros
o romper mimado
(e aos borbotões)
de outras ervas...
...
Serpentinas...
Peões...


...Ivan Vagner Marcon...

5 comentários:

  1. Sempre as respostas são lindas... bjs More

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  2. Lindo!! Faço minhas as tuas palavras..."Retalhada a poesia não brotará dos ramos..." Assim também os projetos artísticos, é uma pena...Beijo!

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  3. Reitero, Ivan, com muito prazer:

    "Porém, no coração do poeta a terra é fértil
    e a seiva do verbo/verso inextinguível!
    Retalharam-te, poesia, te escarnaram,
    mas o teu poeta é forte e pródigo.
    Dos retalhos dos teus versos,
    num passe de magia, fez uma nova poesia!
    E ainda que, hoje, falte a muitos o espírito
    e a cultura necessária para te endenter,
    o teu poeta, poesia, como a árvore,
    continua a florescer, a florescer...
    E um dia haverás, sim, de vencer
    a escuridão tosca e fria.

    Rasgar-te num papel é fácil, poesia.
    Calar-te num poeta, quem pode?"

    Bjs

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